Há evidências suficientes que sustentam a importância da programação metabólica no período perinatal e nos primeiros anos de vida na prevenção ou desenvolvimento de doenças ao longo da vida, entretanto, o paradigma do “ útero estéril “, postulado por Henry Tissier há mais de um século, ditando que o feto estéril adquire suas primeiras bactérias através da passagem do canal do parto, tem sido desafiado por relatos recentes, documentando que as crianças adquiram um microbioma inicial antes do nascimento.
A agard (2014) mostrou a presença de DNA bacteriano no cordão umbilical, líquido amniótico, placenta e no mecônio do recém-nascido sugerindo uma colonização intestinal pré-termo. Um estudo com 29 gestantes mostrou que o DNA bacteriano foi detectado em todas amostras de pacientes colhidos durante o parto cesariana: o gênero Lactobacillus predominou em 100% das amostras, seguido das Bifidobactérias em 43% das placentas.
A translocação bacteriana a partir do intestino materno para os nódulos linfáticos mesentéricos e glândulas mamárias teve ocorrência demonstrada durante a gravidez e a lactação tardia.
Podemos dizer, que existe um imprinting epigenético fetal através da translocação bacteriana durante a gravidez, que fornece a prole um microbioma pioneiro intra útero, sendo uma importante fonte de maturação do sistema imune.
Muitas alterações imunitárias e metabólicas ocorrem durante a gravidez, entre elas a Síndrome metabólica, com resistência a insulina no 3º trimestre da gravidez com sinais de inflamação e perda de energia.
Estas novidades apresentadas servem de alerta para a importância do bebê desde a vida intra uterina, pois está claro que a programação metabólica é realizada em um tempo bem anterior ao nascimento.
O tipo de parto afeta a composição da microbiota intestinal do recém-nascido. Entre aqueles nascidos de parto vaginal predominam os lactobacilus e as bifibactérias, enquanto aqueles nascidos de parto cesariana a microbiota tende a ter alto níveis de Staphylococcus, Corynecaterium e Propionibacterium. O uso de antibióticos promove grandes mudanças na homestase colonizadora, com redução dos gêneros Bifidobacterium e lactobacillus. Esses padrões aberrantes de microbiota durante este período crítico de desenvolvimento imunológico e metabólico pode levar a consequências sérias em longo prazo como: asma, eczemas, alergias inespecíficas, obesidade, doenças auto imunes e diabetes tipo 1 . O colostro e o leite materno também são ricos em bactérias, principalmente Lactobacillus.
Devido a diferença na composição entre o leite materno e a formula padrão para lactentes, há consenso de que a composição da microbiota intestinal também difere consideravelmente entre aqueles alimentados com leite materno e naqueles alimentados com fórmulas infantis. Os lactobacilos e as bifibactérias inibem o crescimento de bactérias exógenas e/ou nocivas, estimulam as funções imunológicas, auxiliam na digestão e ou absorção dos ingredientes e minerais dos alimentos, e contribuem para a síntese de vitaminas.
A alimentação é fator primordial e sua diversidade influência neste período que compreende a concepção até o 2º ano de vida.
A modulação da microbiota intestinal com intervensões utilizando prebioticos e / ou probióticos proderão tratar uma variedade de patologias incluindo as atopias, infecções , desordens intestinais, alterações no humor e doenças metabólicas como a obesidade.
Hoje realizamos em nosso consultório, através de uma simples coleta de saliva ou sangue, um valioso estudo de seu DNA, podendo interferir precocemente em todas patológicas citadas, onde são estudados dentro do seu sequenciamento do DNA, todos os pleomorfismos(alterações gênicas), com um diagnóstico e intervenções precoces.